O debate em torno dos valores éticos jornalísticos é cada vez mais actual e necessário. A conferência que o CIC Digital organizou na FCSH, no dia 12 de Outubro, convocou académicos, jornalistas e cidadãos para reflectir sobre a teoria e a prática de conceitos que todos mobilizamos mas aos quais provavelmente atribuímos significados diferentes: transparência, responsabilidade social, verdade, independência, objectvidade.
O orador principal, o académico e ex-jornalista canadiano Stephen Ward, autor de vários livros sobre a necessidade de uma ética radical, iniciou a sua intervenção com uma declaração de princípios: “sou um activista da ética”, ou seja, um organizador de práticas fragmentadas que está na base de um movimento colectivo de resistência e de uma prática virtuosa do jornalismo.
Seguiram-se três painéis de especialistas que debateram as “velhas” questões no contexto dos “novos” media. O primeiro Painel – Desafios da Auto Regulação do Jornalismo –foi moderado pelo docente e investigador do CIC.Digital Nova/FCSH, Alberto Arons de Carvalho, contando com a participação de Jacinto Godinho (Docente na FCSH, Jornalista da RTP e Membro da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista); Joaquim Fidalgo (Docente na Universidade do Minho e Investigador do CES); Adelino Gomes (Jornalista e Investigador do CIES-UL) e João Miranda (Investigador da FLUC/Universidade de Coimbra). Em debate estiveram a necessidade de um novo código ético e deontológico, o direito de participação, a garantia de independência dos jornalistas e o direito ao sigilo profissional, bem como as formas de regulação da profissão.
Na segunda parte da conferência, no painel intitulado Novos Media, Novos Contextos de Regulação, foram debatidos os conceitos de verdade e pós-verdade no jornalismo contemporâneo, as formas de participação dos cidadãos na produção de informação, designadamente através das redes sociais e a iniciativa da ERC sobre o portal da transparência que obriga as empresas de media a revelarem a sua estrutura accionista. A mesa foi constituída João Pedro Figueiredo (Jurista da RTP, Docente Universitário); Carla Martins (Docente da Universidade Lusófona e Assessora do Conselho Regulador da ERC) e Bruno Contreiras Mateus (Gestor Digital e de Redes Sociais no grupo Global Media), contando com a moderação de Marisa Torres da Silva (Docente da FCSH e investigadora do CIC Digital).
No terceiro e último painel, intitulado Ética jornalística em Contexto de Investigação, moderado por Cátia Mateus (Jornalista do Expresso e doutoranda da FCSH), foram debatidos os impactos para a sociedade de hipotéticos erros éticos cometidos pelos jornalistas na busca e divulgação de informação, o enquadramento ético das fontes de informação e novos formatos de storytelling usados pelos jornalistas nas reportagens de investigação em ambiente digital. O painel contou com as intervenção de quatro repórteres de investigação, Pedro Coleho (docente da FCSH e jornalista da SIC), Ana Leal (jornalista da TVI), Paulo Barriga (director do Diário do Alentejo), Micael Pereira (jornalista do Expresso) e José António Cerejo (jornalista do Público).
