Ainda que fazer manualmente uma operação tão simples quanto uma divisão envolva a aplicação de um algoritmo, nunca como nos tempos mais recentes a expressão foi tão usada.
Tal expressão já não remete apenas para as operações de raciocínio lógico, mas sempre mais para processos complexos de computação de grandes massas de dados, destinados a extrair todo o tipo de correlações.
Em concomitância com esta ascensão dos algoritmos, a outrora proclamada sociedade da informação e do conhecimento parece estar a revelar-se uma sociedade em que tudo é automaticamente registado e transfigurado pelo «targeting», paradoxalmente fragmentando-se em redes isoladas e fanaticamente polarizadas entre si.
O recente debate sobre a pós-verdade confirma a emergência duma sociedade da desinformação assente na «confirmation bias» e nas «echo chambers». A desintermediação mostrou o seu avesso, a credulidade falaciosa.
A contemporânea vaga de populismos parece ter o seu embrião nesta dimensão cibercultural até há pouco ignorada, que agora ameaça pôr em causa o ideal emancipatório que nos foi prometido com o acesso ao mundo digital. Ou será também essa uma imagem da contemporaneidade que nos foi vendida?
Trata-se duma questão multidimensional, que abrange questões jornalísticas, epistémicas, estéticas, políticas, educacionais, sociotécnicas e ciberculturais, a que este colóquio procura dar resposta.
O colóquio terá lugar no dia 18 de outubro no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro. As comunicações aí apresentadas (cujas propostas em formato abstract devem chegar até dia 16 de julho ao vbaldi@ua.pt e dedalus.jmmr@gmail.com), depois de sujeitas a um segundo processo de «peer reviewing», serão publicadas num número especial da revista OBS*: Observatório.
Universidade de Aveiro – Departamento de Comunicação e Arte
Digital Media and Interaction (CIC.Digital) – http://digimedia.web.ua.pt/
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