De entre a diversidade de discursos dissonantes hoje veiculados pelos media, é comum ler-se ou ouvir-se falar de como a condição das mulheres sofreu progressos consideráveis, dentro e fora da esfera privada, ao mesmo tempo que o imaginário mediático povoa o espaço público de imagens que sexualizam intensamente as mulheres. Dados acerca da enérgica feminização de um extenso rol de profissões, incluindo das profissões dos media e da comunicação, convivem com evidências das desigualdades salariais entre homens e mulheres, dos desequilíbrios no acesso a posições de poder e de liderança nas organizações e da conciliação com a vida familiar. Casos de assédio e de violência sexual granjeiam facilmente uma visibilidade sem precedentes por via da internet e das redes sociais que, simultaneamente, normalizam a objetificação das mulheres através de representações importadas da pornografia e padrões de atratividade que servem diferentes indústrias. Comuns são também os discursos que, ao galvanizarem a ideia de escolha pessoal e de autodeterminação, reprivatizam questões de ordem pública, resgatadas ao longo do tempo da esfera pessoal e íntima para que o pessoal pudesse ser político. Frequentes são ainda as visões contraditórias do feminismo, ora dado como garantido, ora desconsiderado. O que esta paisagem desarmónica suscita é a premência de uma investigação de matriz feminista, que permita problematizar, a partir de uma perspetiva de género, não apenas a produção, o consumo e as representações veiculadas pelos media, como, também, pela comunicação organizacional, pelas relações públicas ou pela publicidade no atual ecossistema mediático. Este é o desafio que a edição número 7 da Mediapolis pretende lançar, criando um espaço de discussão sobre Media, comunicação e género, preferencialmente alimentado por investigações empíricas originais, que questione o género e as suas intersecções com outras particularidades identitárias e linhas de investigação que a diversidade das múltiplas profissões da comunicação permite, ao mesmo tempo que auxilie o conhecimento e a compreensão do espaço público comunicacional lusófono. Aceitamos contributos em vários domínios da relação media-comunicação-género, incluindo:
1) Género, produção e consumos;
2) Género e representações mediáticas;
3) Género e sexualidades;
4) Ciberespaço, redes sociais e ativismo;
5) Diferenças de género e profissão;
6) Género, cultura e identidade profissional
7) Media e violência de género;
8) Sexualização, comércio e género;
9) Género e audiências ativas.
Os artigos deverão ser enviados até ao dia 15 de janeiro de 2018 para o endereço rev.mediapolis@gmail.com, indicando no assunto: Call Mediapolis. Deverão seguir as normas de publicação, que podem ser consultadas no seguinte link.
A Mediapolis – Revista de Comunicação, Jornalismo e Espaço Público é uma revista do Grupo de Investigação de Comunicação, Jornalismo e Espaço Público (GICJEP), do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), da Universidade de Coimbra. Com a presente edição, pretendemos dar relevo público a um projeto de investigação que reúne um grupo de investigadores de várias áreas disciplinares, mas que encontram nas Ciências da Comunicação o seu polo comum de estudo e pesquisa. O projeto assume como principal preocupação a investigação da comunicação, do jornalismo e do espaço público, não como áreas disciplinares e de saber estanques, mas como problemáticas socialmente relevantes e relacionadas, numa perspetiva científica e crítica.